quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

02. Infância Na Cidade de Goiás



Infância na Cidade de Goiás

Quando saía de Goiânia e tocava U2 no som de fita
Quando avistava a Serra e o sol brilhava nas minhas retinas
Já sabia o sentido da vida...

Quando eu pulava das pedras no Rio Bacalhau de água cristalina
E engolia piabinhas vivas pra aprender a nadar eu já sentia
Que àquela terra eu pertencia

Quando eu brincava na igreja com meu irmão, meus primos e primas
Quando a gente jogava bola e acertava a janela da tia
Depois de correr, a gente ria

Foi quando pela primeira vez eu mordi o pequi,
Peguei manga no pé, chupei caju da estação
Da goiabeira caí e aprendi a levantar
Deixar o medo no chão e provar do amargo...
Foi quando pela primeira vez tomei puxão de orelha
Apanhei da tia Isa, de vara da caramboleira
A minha mãe me batia, eu chorava e doía
O castigo a tarde inteira, mas fazia tudo outro dia
Me assustava a procissão, a escuridão me invadia
Na multidão, o clarim que passava por mim
Naquela marcha que vinha e com tocha iluminava
O meu sangue vermelho.
Depois, explodiam Judas

Quando eu chorava pra cortar o cabelo no Beto não sabia
Que o tempo passaria tão rápido, velocidade que eu nem percebia
Hoje a lembrança é o que fica


Procissão do Fogaréu, Cidade de Goiás [Fonte]


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